Há animais herbívoros,
há plantas carnívoras
e há pessoas pagívoras.
Como...?! Como...?!
Comem de entrada um acepipe:
um livro fresco de poemas.
Depois como prato principal,
um dicionário bem recheado.
E, à sobremesa, um livro infantil ilustrado.
Este regime alimentar, à base de massa
folhada e paginada, é bastante salutar:
não há registo de pagívoros enfartados ou adoentados.
domingo, 25 de janeiro de 2015
#16 - REGIME ALIMENTAR, Teresa Guedes
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
#15 - (VERSOS A UMA CABRINHA QUE EU TIVE), Vitorino Nemésio
Com seu focinho húmido
Esta cabrinha colhe
Qualquer sinal de noite
De que a erva se molhe.
Daquela flor pendente
Pra que seu passo apela
Parece que a semente
É o badalinho dela.
Sua pelerina escura
Vela-a da noite sentida;
Tem cada pêlo uma gota,
Com passos, poeira, vida.
De silêncio, silvas, fome,
Compõe nos úberes cheios
Toda a razão do seu nome
E fruto de seus passeios.
Assim já marcha grave
Como os navios entrando,
Pesada dos pensamentos
Da sua vida suave.
E enfim, no puro penedo
De seus casquinhos tocado,
Está como o ovo e a ave:
Grande segredo
Equilibrado.
Esta cabrinha colhe
Qualquer sinal de noite
De que a erva se molhe.
Daquela flor pendente
Pra que seu passo apela
Parece que a semente
É o badalinho dela.
Sua pelerina escura
Vela-a da noite sentida;
Tem cada pêlo uma gota,
Com passos, poeira, vida.
De silêncio, silvas, fome,
Compõe nos úberes cheios
Toda a razão do seu nome
E fruto de seus passeios.
Assim já marcha grave
Como os navios entrando,
Pesada dos pensamentos
Da sua vida suave.
E enfim, no puro penedo
De seus casquinhos tocado,
Está como o ovo e a ave:
Grande segredo
Equilibrado.
Subscrever:
Mensagens (Atom)